quinta-feira, 31 de março de 2011

Danças Tradicionais Portuguesas

Breve Abordagem ás Danças Tradicionais Portuguesas

A dança faz parte dos programas de Educação Física e como tal será importante fazer uma breve abordagem teórica a cada uma das danças a abordar nas aulas de forma a contextualizar a prática das mesmas.
CORRIDINHO
O corridinho, que também se baila em algumas terras do Ribatejo e do Alentejo, é sobretudo, uma dança algarvia: o Algarve é a sua verdadeira pátria. O corridinho é uma dança antiga, porém, não muito arcaica: reflecte aspectos de danças citadinas adaptadas pelo povo, pois que é no seu aspecto geral, uma dança que se baila ao ritmo da polca-galope. Ora, tanto a polca como o galope são danças estrangeiras citadinas do século passado. O corridinho é bailado ao som do fole ou flaita, isto é, da concertina e consta de duas partes: o «corrido» propriamente dito e o «rodado», que é orientado em sentido inverso ao do corrido. Quando porém, uma segunda parte da moda é mais mexida e o parceiro é de feição, abandonam-se os passos conhecidos e o par rodopia sempre no mesmo lugar, num passo especial a que se dá o nome de «escovinha».
FANDANGO
Do ponto de vista musical o fandango é semelhante ao vira, porém, baila-se de diferente maneira; de resto, o actual vira é possivelmente o antigo fandango agora dançado em cruz. Dança que nos veio de Espanha, o fandango enraizou-se em Portugal, onde é bailado em quase todo o país desde há muito. O Prof. Armando Leça, que estudou com particular atenção as canções e as danças populares portuguesas, dá o fandango como dança que ainda hoje se baila no Douro Litoral, no Minho, em Trás-os-Montes (terras mirandesas), na Beira Litoral, na Beira Alta, na Beira Baixa, na Estremadura, no Alentejo e no Algarve. Contudo, as regiões onde o fandango é mais bailado e goza de maior preferência do povo são o Ribatejo, as raias minhota e da Beira Baixa (Castelo Rodrigo e Idanha-a-Nova) e as terras interiores de Beira Litoral (Pombal, Ansião, Figueiró dos Vinhos, etc.). Velha dança espanhola, o fandango é também uma dança portuguesa muito antiga. Bocage refere-se a ela e o escritor inglês Twiss, que visitou o nosso país em 1772, diz que viu «o fandango dançado em Portugal com grande galanteria e muita expressão». E Gil Vicente usa às vezes, o termo «esfandangado». No Ribatejo, na Beira Litoral e nas terras raianas do Minho e da Beira Baixa, bem como em algumas regiões do Alentejo e da fronteira algarvia, é onde melhor se baila o fandango. No Ribatejo bailam-no ao som de harmónica (gaita-de-beiços) ou harmónio (gaita-de-foles); já, contudo, em Ferreira do Zêzere, na serra de Tomar, em Mação e em Borba o bailam ao som de guitarra. Nas terras mirandesas (Trás-os-Montes) bailam-no em roda. Há uma dança que é uma miscelânea de vira e fandango: o vira afandangado. O verdadeiro vira afandangado parece ser o do Ribatejo onde muitas vezes, o bailam em cima de mesas.
MALHÃO
Ao malhão também lhe chama «a moda das caminhas», «a rusga» ou «o Senhor da Pedra». Embora se baile também na Beira Alta, o malhão é uma dança tipicamente minhota, do Minho Litoral, muito semelhante à chula. Dança muito antiga, tem como a chula, acompanhamento de canto: o seu acompanhamento musical é de instrumento e cantador.
REGADINHO
O regadinho é uma dança popular que se vulgarizou no século passado e se baila em todo o Norte do País e também na Beira Litoral. É, por isso, uma dança híbrida, quer dizer: com algo de nortenho e algo de litoral. Dança bem ritmada, é, pouco mais ou menos, uma marcha; este seu aspecto leva-nos a crer que se trate de uma dança de salão ou burguesa, importada de Europa após as invasões francesas. No Norte bailam o regadinho sem acompanhamento instrumental, apenas acompanhado à viola, ao passo que na Beira Litoral o bailam ao som da guitarra.
TIRANA
Apesar de melodicamente a tirana ser uma dança meridional, isto é, do Sul, a verdade é que ela se baila exclusivamente do Minho à Beira Litoral, particularmente na região de Coimbra - pois «tiranas» se chama às tricanas de Coimbra. O ritmo da tirana é um ritmo valseado. No nosso teatro ligeiro musicado, bem como nos ranchos folclóricos, dança-se frequentemente a tirana, mas, erradamente, chamam-lhe, a maior parte das vezes, vira. Com a moda das saias, a tirana tanto pode ser só cantada como cantada e bailada como, ainda, bailada com acompanhamento instrumental.
VIRA
O vira é uma das mais antigas danças populares portuguesas; dele já Gil Vicente nos fala na sua peça Nau d'Amores dando-o como uma dança do Minho. Com efeito, o vira é uma dança de tradição minhota, embora se baile, de maneira diferente, também na Nazaré e no Ribatejo, e hoje, se baile à maneira minhota em quase todo o País. O vira é, de uma maneira geral, a dança popular portuguesa mais característica e popularizada. Há inúmeras variantes tanto musicais como na maneira de o bailar: vira de roda, vira estrepassado, vira afandangado, vira valseado, vira-flor, vira de trempe, vira galego, vira ao desafio, vira poveiro (da Póvoa de Varzim), etc…

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